Quem trabalha ou já teve qualquer experiência prática numa redação de um veículo de comunicação de massa sabe como a vontade de participar, de falar, de se fazer ouvir é presente em parte do público, mesmo que ele saiba que as chances de obter sucesso sejam mínimas. São ligações de diferentes partes da cidade, vilarejos escondidos no interior do estado, chamando a atenção para o buraco na rua, relatando a dificuldade de um atendimento médico ou mesmo querendo espaço no telejornal para que o apresentador dê uma notícia que certamente seria impossível de ser levada ao ar naquele instante. São e-mails de representantes de associação de moradores, padres, adolescentes, professores ou "seu" Pereira, que adora opinar sobre as reportagens exibidas no telejornal e contar alguma experiência parecida pela qual já tenha passado.
Quando somamos essa vontade de falar ao (s) outro (s) com as potencialidades da internet, e subtraimos a figura do mediador da informação, o resultado é o que alguns pesquisadores batizam de jornalismo participativo. O assunto foi tema da palestra de hoje nas Faculdades Jorge Amado, proferida pela Profa. Doutora Suzana Barbosa. Para que haja essa abertura das fontes emissoras, há três condicionantes básicos: a arquitetura da rede deve ser de caráter aberto; todos os protocolos de comunicação devem ser igualmente abertos; e as instituições que administram a rede devem permitir a circulação dessa informação.
Essa idéia de comunidade que utiliza a rede participando, além de ser mais democrática e cidadã, se revela mais enriquecedora do ponto de vista da informação por si só. A diversidade de visões de mundo acerca de determinado fato é potencialmente maior. A proximidade com o objeto de observação também, o que torna a narrativa atraente. Afinal, ninguém melhor do que um morador de rua para contar o que significa um prato de sopa quente que chega pelas mãos de voluntários no meio da noite fria do que o próprio. E isso não significa, ao meu ver, que a figura do jornalista enquanto mediador dessa informação esteja perdendo espaço ou mesmo seja tolhedora da liberdade de expressão. São figuras complementares. Há espaço para diferentes discursos e formatos na web. Aliás, como lembrado na conferência, esse jornalismo open source permite até mesmo um novo espaço - potencialmente infinito - para que o jornalista exerça sua profissão sem necessariamente estar atrelado a qualquer veículo de comunicação. O jornalista e "seu" Pereira, que faz questão de me enviar um e-mail quase todos os dias, mesmo sabendo que apenas eu o recebo e o leio até o fim.
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O Papa é pop
No meio da overdose de informações sobre a visita do Papa ao Brasil, uma delas me chamou a atenção, no portal de notícias G1. A visita de Bento XVI a Aparecida, São Paulo, conseguiu levantar não apenas questões existencialistas de fé e religiosidade, mas provocar uma mudança prática no município, desejada por muitas comunidades que querem compartilhar o ciberespaço: a inclusão digital. Desde o último dia 3, praticamente toda Aparecida está com internet sem fio e gratuita, para qualquer pessoa entrar na rede. Vejam na reportagem que reproduzo abaixo:
Papa leva internet sem fio a Aparecida
Projeto de inclusão digital teve primeira etapa concluída para visita de Bento XVI. Visitantes terão acesso gratuito e wireless em regiões da Basilica.
A visita do Papa Bento XVI ao Brasil está levando mudanças até mesmo da estrutura tecnológica dos lugares por onde ele vai passar. Na cidade de Aparecida, em dois principais pontos -- as regiões da Basílica Nova e da Basílica Antiga --, uma rede de internet sem fio gratuita está disponível desde o dia 3 de maio, promovendo inclusão digital aos habitantes e possibilitando acesso à web para a comitiva do Papa, jornalistas e visitantes da região.
A implantação, que faz parte de um projeto que ainda conta com mais duas etapas a serem colocadas em funcionamento até setembro, foi promovida pela empresa de tecnologia D-Link. No futuro, pontos de acesso serão interligados para melhorar a possibilidade de comunicação de estruturas da prefeitura, possibilitando a implantação de câmeras de segurança e a utilização de telefonia VoIP (voz sobre IP), diminuindo custos.
Durante a visita do Papa, a cidade deve receber mais de 500 mil visitantes, que terão agora acesso à internet. A rede não cobre 100% da cidade, mas usuários de regiões que não estão na área de cobertura podem aproveitar o sinal com antenas mais potentes. A estrutura também tem equipamentos para garantir a segurança da navegação, prevenindo possíveis ameaças à rede.
Tuesday, May 8, 2007
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