Sunday, May 13, 2007

Fonte dos desejos

Tomar sorvete, ir à praia, assistir um filme no cinema, uma mansão, casar no espaço, passar a lua de mel no Hawai. Vivemos num mundo dos desejos, sejam eles possíveis ou não. Nesta busca desenfreada por mais uma cobiça está o desejo do homem de se comunicar. Para satisfazer a esta necessidade é que o ciberespaço vem crescendo cada vez mais, oferecendo inúmeras possibilidades de comunicação. Porém nada que destrua a convivência e a relação com o porteiro do prédio, o motorista, a vizinha fofoqueira que vem me importunar e atrapalhar o meu sono, um dos momentos sagrados do meu dia.
Independente de ser um espaço de troca de informações pela interconexão dos computadores e de suas memórias, o ciberespaço visa os laços sociais, as relações entre as pessoas. De acordo com Pierre Lévy, a cibercultura cria a sensação de um espaço envolvente. A conexão é sempre preferível ao isolamento. “É raro que a comunicação por meio de redes de computadores substitua pura e simplesmente os encontros físicos: na maior parte do tempo, é um complemento ou um condicional”.
A necessidade de ampliar a comunicação por vezes foi confrontada com a tese de que a relação eletrônica pudesse acabar com o contato físico, fase a fase. No entanto, o aproveitamento do que o ciberespaço pode oferecer e a tendência mundial das redes sem fios nas cidades reforçam os laços sociais e o território informacional, como classificou André Lemos a fusão entre informação e território. Ainda segundo Lévy devemos “utilizar o virtual para habitar ainda melhor o território, para tornar-se seu cidadão por inteiro. Habitamos (ou habitaremos), portanto, o ciberespaço da mesma forma que a cidade geográfica e como uma parte fundamental de nosso ambiente global de vida”.

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