A proibição para que os esportistas participantes do PAN do Rio de Janeiro não alimentem sites ou blogs durante a competição fala muito sobre questões como tempo real e legitimidade para emissão da informação. Não é simplesmente uma recomendação, mas uma ordem expressa do Comitê Olímpico Brasileiro, alegando cumprir determinação do Comitê Olímpico Internacional. Há caso de atletas que recusaram contratos para hospedar blogs em portais de grandes redes de comunicação por causa desse veto a livre manifestação do pensamento no ciberespaço.
A forma de audiência dos aficcionados pelo esporte passou por etapas que mostram justamente a reconfiguração do espaço e do tempo na sociedade de informação. O delay para a audiência de uma Copa do Mundo já chegou a ser de dias. A vitória dos canarinhos poderia ser publicada por telegrama na edição do jornal do dia seguinte, mas o tape da partida, a emoção do gol, só eram vistos no cinema uma semana depois. Assim, era com os boletins dos pracinhas durante a II Guerra Mundial, ou as notícias da revolução de Getúlio Vargas. Hoje, qualquer segundo entre o fato e sua exibição na tela já é motivo de desespero. Numa transmissão de uma partida de futebol pela emissora de tv aberta ou pelo canal por assinatura, a diferença entre cabo e satélite pode provocar um ou dois segundos de atraso na visualização do lance. O vizinho de baixo já gritou gol, mas a bola ainda está para ser chutada no escanteio. As reclamações são inevitáveis.
Nas últimas competições de alcance mundial, como Olimpíadas e Copas do Mundo, blogs ou sites pessoais de atletas poderiam ter notícias de bastidores ou furos de reportagem que ainda não tinham sido digeridos pelos veículos de transmissão credenciados pelos eventos. Em seu site com quatro idiomas, Ronaldinho Gaúcho poderia mostrar uma foto da comemoração no ônibus da seleção que a câmera exclusiva do Fantástico só exibiria no domingo seguinte.
Talvez por esse tipo de perda de privilégios os atletas que vão participar do Panamericano 2007, no Rio de Janeiro, estão proibidos de dar notícias em seus sítios. O tempo é deles – e principalmente para os competidores de atletismo, natação, que dependem de milésimos de segundos. Mas os organizadores acham que o tempo real deve ser ditado por quem paga a conta – operadores de telefonia celular, corporações ligadas ao ramo da energia, bancos.
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1 comment:
Incrível. Mesmo longe do cenário de guerra no Iraque, estamos nos igualando às Forças Armadas Norte-Americanas.
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