A tecnologia nos motiva, ou melhor, nos impulsiona a viver algo diferente. Produzimos e publicamos conteúdos, sob diversos formatos e modulações (blogs, podcasts, software livres) num tempo mágico. Basta um piscar de olhos e lá vai a minha informação para o outro lado do “mundo”, com grandes possibilidades de provocar um impacto social, político, religioso, como disse André Lemos. Quando terminar de escrever meu texto e ele for para a web, milhões de pessoas terão acesso a ele. Assim como eu não sei quem é você que está lendo-o agora, não tenho conhecimento de tantos outros. Não existe controle.
Textos, filmes, músicas, jogos circulam em grande escala pelo mundo. Estamos ligados a tudo e a todos através de uma rede digital. São situações possíveis devido a Cibercultura, e como bem nos disse o professor Lemos, estamos vivendo a Era da Sociedade da Informação. Essa capacidade de emitir e conectar-se são impressionantes. É fazer valer um direito: a liberdade. Quanto mais informação maior a liberdade de expressão. Mas, me questiono: até que ponto? Um cidadão que não teve oportunidades sequer de aprender a escrever o próprio nome terá condições de fazer parte ou usufruir desse novo sistema de informação? Se não sabem manusear o lápis terão habilidades com o teclado? Pobres coitados, sem nenhuma demagogia, estão com os seus direitos privados. Eles nada participam porque não tem grau de compreensão das coisas e do mundo. A sensação é de que ainda falta muito para haver uma superação dos “obstáculos humanos”.
Carlos Irineu da Costa, em Cibercultura de Pierre Lévy, diz algo interessante: “o crescimento do ciberespaço serve apenas para aumentar ainda mais o abismo entre os ricos e excluídos, entre o Primeiro Mundo informatizado e as regiões pobres nas quais a maioria dos habitantes nem mesmo tem telefone. A cibercultura seria, portanto, conservadora e racionária”. Enquanto isso, Pierre Lévy defende que o número de excluídos será cada vez menor, isto porque, os equipamentos e os programas para a conexão irão tornar-se mais baratos e ainda ressalta que é típico de cada novo sistema produzir seus excluídos.
Por enquanto não tenho visto nada disso. Como seria bom se o “acesso a todos” fosse a curto prazo, que medidas urgentes visassem à parcela da população desprovida de seus direitos como cidadão e que não nos acomodássemos com a idéia de que os “excluídos” sempre irão existir, pelo menos, no mundo digital. No entanto, não posso negar que os primeiros passos já foram dados. Nesta semana uma reportagem da Revista Veja divulga a repercussão de um programa do Governo Federal em levar laptops às escolas públicas, beneficiando 30 milhões de crianças. A matéria cita a garota Emeline, 12 anos, estudante de uma escola estadual, em Porto Alegre, que não imaginava ter acesso a essa tecnologia. “Não tenho computador em casa e já mais imaginei que poderia usar uma máquina como esta. É muito legal”. Por enquanto apenas mil estudantes de cinco escolas brasileiras terão acesso aos computadores.
Sunday, May 13, 2007
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