Não sei até que ponto a lan house pode ser útil a inclusão digital, acredito que mesmo com uma em cada esquina, em diferentes bairros da cidade, não resolverá e nem amenizará a questão da exclusão digital. Pois, as classes menos favorecidas mal tem condições para se alimentar, viver bem, não terá dinheiro para pagar por uma conexão em lan house, mesmo que seja 0,50 ; 1,00 ; 1,25 ; para quem não tem, esse pouco faz muita diferença.
Saturday, May 12, 2007
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Um dado recente divulgado na pesquisa de domicílios realizada pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil atesta com números aquilo que nossos olhos têm contemplado diariamente em cada esquina das capitais brasileiras: a crescente presença das Lan Houses que oferecem o acesso a Internet cada vez mais barato; aqui em Maceió, por exemplo, chega a R$ 1,00 a hora.
Os números do TIC Domicílios 2007, baseado em informações coletadas no segundo semestre do ano passado, comprovam que o acesso a Internet feito através das Lan Houses já superou o acesso domiciliar, sendo que 49% da população pesquisada fazem uso desse tipo de serviço.
Poderia ter começado este texto destacando outros números desse levantamento domiciliar como o aumento do ritmo de aquisição de computadores (o povo está comprando mais) ou o fato de pelo menos 53% da população já ter usado o computador ou 34% ter acessado a Internet nos últimos três meses, no entanto optei pela informação do local de acesso porque ela revela uma distorção terrível na diminuição daquilo que um dia já foi chamado de abismo digital.
Revela também o tamanho do fracasso do programa de inclusão digital do governo federal enquanto fornecedor do meio físico (apenas 6% acessam a internet através de telecentros ou locais públicos gratuitos) e, principalmente, como interpretador dos números pois, de acordo com o relatório, esse crescimento das Lan Houses “mostra que a iniciativa privada vem contribuindo de forma efetiva para amenizar o problema social da exclusão digital no país.”
Primeiro queremos esclarecer que a iniciativa privada não investe nessa área com o objetivo específico de “cuidar de um problema social”, no caso – a inclusão digital, senão que esses pequenos empresários têm aproveitado a brecha existente entre a necessidade de acesso da população e a falta de oferta de serviço público, aonde os programas oficiais não chegam devido às suas dificuldades financeiras e burocráticas.
Em segundo lugar gostaríamos de avaliar o tópico das atividades desenvolvidas na Internet, onde ganha destaque a comunicação, neste item considerado o envio de e-mail, o envio de mensagens instantâneas e a participação em sites de relacionamentos. Há alguma ênfase também para a pesquisa escolar, mas a grande maioria se aproxima da internet como um veículo de lazer e entretenimento (filmes, músicas, jogos, software, etc).
Por essas duas razões, inicialmente, não podemos concordar com o relatório no tocante à diminuição da exclusão digital. Não concordamos com uma inclusão digital que consiste no usuário valer-se do MSN e do Orkut, as principais “ferramentas” utilizadas nas Lan Houses. Não podemos chamar de inclusão digital um “fenômeno” quase espontâneo que não vislumbra um programa de metas e resultados, que se preocupe com o ambiente operacional e o conteúdo a ser trabalhado, que ofereça a possibilidade de inserção no mercado de trabalho, para citar apenas algumas questões.
As Lan Houses tem conseguido essa proeminência devido ao público que as freqüentam. O documento do CGI revela que o seu usuário é jovem, entre 10 e 24 anos, com renda familiar de menos de 2 salários mínimos, ainda não concluiu o Ensino Médio e tem presença marcante nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste. Ou seja, ao contrário do usuário da classe A e B, que acessa a Internet em seu domicílio, do seu próprio computador, as classes C, D e E, que não tem computador em casa, encontraram nesses locais públicos uma maneira viável de acesso a tecnologia e, hoje, ainda são maioria no Brasil.
Mas, conforme já escrevemos, considerar esse acesso como inclusão é um erro primário pelas razões que queremos expor a seguir:
1) Cremos que um programa de inclusão digital deve ser de iniciativa do poder público ainda que a sua execução possa ter o apoio de instituições do terceiro setor, as ONGs ou OSCIPs;
2) Mais importante do que o próprio computador (se é laptop, PC, monitor LCD, etc), o programa deve prever a utilização de software gratuito nas bases do Open Source;
3) Uma condição elementar é a gratuidade do sistema, ou seja, o acesso deverá ser gratuito para a totalidade dos usuários ou a sua maioria;
4) O público alvo deve ser previamente definido dentro de uma comunidade específica;
5) O programa deverá oferecer oportunidades de inserção no mercado de trabalho através do acesso às novas tecnologias e do seu uso;
6) O instrutor do projeto deverá trabalhar noções de Segurança e Privacidade, Cidadania e Ética Digital;
7) O instrutor deverá adequar o uso das ferramentas disponíveis ao currículo escolar do usuário;
8) O projeto deverá contemplar uma política de conteúdos diferenciados tanto off line como em ferramentas interativas;
9) O usuário será considerado alfabetizado e educado digitalmente se demonstrar conhecimento e domínio das novas tecnologias e se souber produzir novos conteúdos;
10) O sistema deverá gerar uma biblioteca de conteúdos digitais produzidos pelos usuários.
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