Tuesday, May 8, 2007

Do Youtube à TV


Vou logo dizendo que sou aficionada pela Web 2.0. Tudo que cheira a participação e descentralização de poder, pelo menos no que se refere a informação, tende a me agradar. As últimas aulas da disciplina Jornalismo Online e a primeira de Cibercultura caíram, então, como uma luva. Lembrei-me imediatamente de um fato ocorrido com um programa de nome Encarte. A idéia surgiu no Youtube. Dois jovens, Paloma Guedes e Renato Gaiarsa, pensavam em produzir, de forma independente, um programa que divulgasse bandas do cenário nacional underground. O programa é uma mescla de entrevistas inusitadas com trechos de apresentações de bandas, geralmente de rock. Os lugares escolhidos para gravação atendem aos mais diversos gostos. São estúdios, garagens, botecos, praias, zoológicos, vale tudo. A idéia foi ganhando forma e adeptos, até que em uma noite de uma terça-feira qualquer, em minha atividade corriqueira de zapear até ser abduzida por algum programa, deparei-me com os apresentadores do Encarte...na TV!
Confesso que no começo, apesar de achar a idéia legal, nunca tinha acreditado que a produção teria muita abrangência. Depois soube de pessoas de fora do estado que eram audiência certa do Encarte. Mas chegar à TV, assim, de sopetão, levando bandas desconhecidas no mainstream para a casa dos cidadãos baianos, foi realmente incrível. Aí eu pensei logo: caramba, como uma parada que é produzida assim na raça, o cara pega a câmera dele, marca com bandas, a menina entrevista, eles colocam no Youtube, de repente chega a um meio de massa? Pois é, o que eu soube foi que a TV Salvador faria um teste, estendido até 8 de maio - por sinal, hoje - com o programa (na certa pra ver se dava audiência, porque na Internet a coisa já era sucesso). Eles exibiriam oito programas especiais, com meia hora de duração cada, toda terça, a partir das 22h50, no canal 28 (UHF) e no 36 (NET), sendo reprisado nas quintas, às 19h20.
Ok, vamos levar em conta que a TV Salvador vive de programação local, reprisa muita coisa, produz pouco. Mas é interessante notar essa migração de um programa independente que nasceu no Youtube para os aparelhos de cada casa na Bahia. Quando falamos ontem de liberação da emissão, participação do cidadão na produção de conteúdo, lembrei logo do Encarte. Só fico um pouco em dúvida com relação à independência do conteúdo exibido na TV. Será que muita coisa foi cortada das edições que já estavam prontas? E se eles continuarem a exibir o programa, quem escolhe as bandas a serem entrevistadas, quem formula as perguntas, quem faz a filmagem, quem edita? Espero ter respostas a esses questionamentos todos nas cenas dos próximos capítulos.

1 comment:

Paloma said...

Oi Najara!
Fuçando no ciberespaço me deparei com seu texto e fiquei muito feliz porque alguém, que nem é parente ou amigo próximo, lembrou e resolveu escrever sobre o Encarte em uma disciplina de universidade. hehehehe
Na verdade é isso que nos estimula a continuar fazendo o programa, em condições precárias em com pouca grana (na real, nem câmera temos, tudo é emprestado).
Após o término do período de exibição, a TV Salvador propôs que reprisássemos todos os programas na tentativa de, quem sabe agora, conseguirmos o patrocínio para continuarmos na TV. Confesso que está difícil, mas quem sabe.
Em todo o caso, mesmo sem patrocínio, decidimos diminuir a produção, porque não temos grana mesmo para arcar com os custos e colocarmos apenas um programa por mês no nosso site e you tube. Se conseguirmos espaço na TV para essas atualizações, beleza, mas ainda não sabemos disso.
Quanto a questão da independência, na real os programas não foram cortados: acrescentamos piadas e questões que ficaram de fora dos que foram aproveitados da net (Capitão Parafina e The Honkers) por termos um tempo maior na TV. Alguns coisas, confesso que eu mesma pensei em censurar porque poderia "pegar mal", mas Renato me convencia a deixar.. portanto, até os palavrões entraram na íntegra, o pessoal da TV não interferiu em absolutamente nada.
Acho que já escrevi demais...mas é por aí, sem a internet não existiríamos, e é através dela sem dúvida nenhuma que as pessoas acompanham mais o programa.. a TV ajuda muito para atingir a outros públicos, mas é a internet que nos mantém. :)
abraços
Paloma