Interatividade e participação soam como sinônimos da Web. A liberação do pólo de emissão, reconfigura as práticas sociais e inaugura uma nova relação de poder. O entendimento deste processo tem um nome: open source.
Conceito elaborado na década de 70, estrutura-se na possibilidade do usuário poder melhor o desempenho do programa, personalizar a usabilidade, solucionar erros e compartilhar as novas descobertas com a rede, isso porque, os software adquiridos viam com o código aberto, o que permite as alterações. Contudo, esta prática não trata-se apenas de um avanço de compartilhamento de soluções tecnológicas para os programas, e sim, configura-se em uma prática social, reverberando na produção de conteúdo, troca de arquivos (P2P) e criação de novos elementos cibernéticos.
Particularmente, os estudos em comunicação detêm-se na análise, efeitos, consequências e a própria relação do jornalismo open-source e mídias tradicionais. Por tratar-se de um fenômeno novo, alguns erros são evidentes. O primeiro deles é o debate sobre o conceito.
Dentre a gama conceitual nota-se jornalismo participativo, cívico, cidadão, open source, de base. O jornalismo cidadão é o jornalismo produzido pelo e para os usuários. Mescla elementos do ativismo cibernético com a customização das notícias, geralmente desenvolvido sobre um território específico. A sua prática ocorre longe dos sítios das mídias tradicionais, o jornalismo open source cria seus próprios domínios, espaços e lógica de produção de conteúdo.
As “pautas” no jornalismo cidadão são definidas pela necessidade de um grupo e/ou indivíduo ou agrega ao agendamento da grande imprensa novos olhares e desdobramentos.
“O noticiário produzido para as pessoas e pelas pessoas, conforme Gillmor (2004) entende por grassroots journalism – ou jornalismo de base – surge de uma fusão de fatores que denunciam o desgaste do modelo massivo de imprensa e legitima o público como autor de uma mensagem cada vez mais heterogênea e plural, tal como o jornalismo deve ser” (Brambilla, 2005).
Por ser um conceito novo, o jornalismo cidadão ainda é confundido com o jornalismo participativo, este existem desde as mídias tradicionais, através das “cartas dos leitores”, “enquetes”, “sugestões de pautas”, o que demostra que os cidadãos apenas participam da produção de um conteúdo pré-definido, verticalizado e portador e divulgador de uma determinada ideologia.
Desafios para o Jornalismo open source ou a exploração capitalista da dádiva informacional
Outro aspecto a ser debatido é a cooptação das redes de comunicação dos cidadãos-jornalistas. Castilho (2006) argumenta que os jornais não dispõe de recursos financeiros, técnicos e humanos para atender à demanda de informações locais. Isto abre um campo enorme para a participação dos cidadãos tanto na produção de páginas informativas pessoais ou em grupo, como fornecendo notícias para empresas jornalísticas.
Prova disso, foi o anúncio da Gannett ( maior cadeia de jornais dos EUA) do interesse de publicar matérias com informações de blogueiros, internautas que participam de grupos de discussão online e outros não-jornalistas. A iniciativa seria uma tentativa de reconquistar a atenção de leitores que trocaram de vez o papel pela rede e pela televisão.
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