Aquele homem baixo, magro, quase careca e bastante simpático, vestido de terno, como um homem de negócios, de nome Messias Bandeira, nada me lembrou, pelo menos não à primeira vista, um rapaz idêntico a ele que eu conhecia de outras praças. A última vez que eu o tinha visto, em trajes mais despojados, havia sido no palco do Rock in Rio, há mais de um ano. Show de rock, indie rock, o meu preferido. Aquele rapaz espirituoso e com bastante conhecimento de causa do que falava ontem tem exatamente a mesma postura quando o assunto é música. Aqui revelo a identidade secreta do Messias, aos que ainda não a conhecem. Ele é frontman da famosíssima e lendária banda de rock baiana Brincando de Deus.
Mas deixemos o rock de lado, por enquanto, porque o fato aqui mais importante é que a identidade “séria” de Messias me fez refletir sobre algumas coisas. Quando ele falava sobre copyright, pirataria, creative commons, eu pensava nas minhas pilhas de álbuns raros completos no meu HD, espécimes que eu provavelmente não teria em casa antes dessa revolução tecnológica da música digital, em parte pela dificuldade de encontrar algumas obras em lojas de discos, e em parte pelos preços nada módicos desses CDs.
Mas não foram só nos meus sagrados álbuns de música que eu pensei. Pensei nos filmes surrupiados, nas séries de TV vistas antes mesmo de serem lançadas na própria telinha, nos textos pegos na Internet e arquivados em pastas, nos poemas, nas fotografias. E pensei nos meus vizinhos, irmãos, tios, amigos pessoais, colegas de trabalho. Todos, absolutamente todos, criminosos da informação. Reprodutores de conteúdos sem permissão. Chico Buarque, Teenage Funclube, Strokes, Mutantes e mais um punhado de artistas sem receber um centavo pelo que ouço, assisto, leio. Prendam-me, se necessário for, mas levem junto o meu HD.
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