Sunday, May 13, 2007

O cheiro do pão de queijo


Dia nublado, vento frio. Assim foi o dia hoje aqui em Feira.
Não sei por que, mas os dias nublados sempre me dão uma enorme sensação de nostalgia. Vem na mente um passado gostoso, um sorriso bobo no rosto e a certeza de que naqueles momentos eu era feliz, e me sinto ainda mais por constatar isso agora, no presente.
De repente outra lembrança (bem recente) invade a bolha que me leva de volta ao passado. Sim, André Lemos recitando a frase “Eu sei que estarei bem no lugar onde não estou” (quem disse isso mesmo?).
Bem-vinda de volta a realidade.
Vamos perceber como esse negócio de cibercultura tem influência sobre nós?
Posso não só alimentar a minha nostalgia como compartilha-la com as pessoas através das mídias locativas. Mando uma mensagem do meu celular ou de qualquer outro dispositivo eletrônico que me permita e crio um território informacional deixando minha marca disponível para qualquer outro usuário.
Pichação é coisa do passado. Agora a moda é anotar tudo eletronicamente. E melhor: não é crime.
Gente! Isso é fantástico!
Eu concordo com a Liz. Teve um momento naquela aula de quarta-feira que tive vontade de gritar: Para o mundo que eu quero descer! É muita informação... antes era tudo tão simples. As vezes fico pesando se a gente não vai pirar com tantos modelos de celulares e suas funções infindáveis; com as possibilidades da tecnologia Hi-fi; poder ser identificada e colocada em contato com outras pessoas pelo Imity e redes bluetooth (...).
Repito, é muita informação!
Mas é assustador e interessante, ao mesmo tempo. Você se contagia com as possibilidades da tecnologia. E eu ainda posso colocar uma seta amarela na minha rua com um código que permite quem o acessar ler algo tipo: “Aqui as manhãs são quentes, as noites são frescas e o cheiro de pão de queijo vem da casa de Castorina, do lado da casa amarela. Quando Beth (casa nº 29) amanhecer o dia cantado enquanto rega as plantas, dê atenção a ela, está triste e lembrando do filho que faleceu há mais de vinte anos. Se precisar de folhas para chá você encontra na casa de portão vinho, nº 31; e a melhor goiaba da rua fica no quintal da Fabíola, é só gritar que ela aparece”.
E ainda dizem que as relações eletrônicas acabarão com as relações interpessoais ou com a relação com as cidades. (Nesse ponto eu concordo com você, André). Não se evoluirmos por aí.
Quer algo mais pessoal que compartilhar as suas impressões e nostalgias?
Disso eu gostei!

Agora, depois daquela frasezinha lá de cima talvez eu precise de um psicólogo para analisar essa minha nostalgite aguda.

3 comments:

PC ANDRADE said...

É isso aí Beatriz........Atrás do computador viajando na WEB conseguimos romper fronteiras e estar onde, na verdade, não estamos. Podemos "acessar" o melhor pão de queijo do mundo e, no entanto, não conseguiremos saboreá-lo. É essa coisa de um passado não tão distante e, felizmente, ainda conseguido em cidades menores que sentimos saudade e que representa o que costumamos chamar de qualidade de vida.

renata purri said...

Belas e providenciais colocações. E vamos que vamos neste curso que nos faz pensar e refletir nossa contemporaneidade!

Vivian Barbosa said...

seus posts estão me dando nós no cérebro, Bia...