As transformações sócio-culturais promovidas pela internet alteraram significativamente alguns modelos de comunicação, comportamento social, e até mesmo alguns mercados industriais.
No ano passado, ao andar pelo shopping encontrei um CD com as melhores músicas da banda Duran Duran, que fez muito sucesso na década de 80. Junto com o CD vinha também um DVD com vários clips da banda. Preço: R$ 60,00. Não tive dúvidas e comprei na hora. Neste mesmo dia, topei com um amigo e mostrei a ele, todo orgulhoso, a minha nova aquisição musical. A resposta foi um sorrisinho irônico, seguido do seguinte comentário: “Rapaz, deixa de ser besta! Na internet tem tudo isso de graça”. Tive vontade de quebra o CD na cabeça dele. Não que aquilo fosse novidade pra mim. Apenas não fazia parte da minha cultura. Uma semana depois, este mesmo amigo me deu de presente toda a coletânea da banda Chiclete com Banana, gravada em MP3 e baixada na internet.
Pois é, este é só mais um exemplo da nova ordem estabelecida pela cibercultura, que entra em choque com antigos conceitos como “direitos autorais” e tem o poder de comprometer toda a estrutura da indústria fonográfica.
Uma das mudanças mais emblemáticas da cibercultura foi a desburocratização do processo de produção e divulgação do conhecimento, inclusive do conteúdo jornalístico, o que abriu espaço para uma nova modalidade conhecida como jornalismo participativo ou de fonte aberta. Neste modelo, o cidadão comum é convidado a interagir com o veículo tradicional, participando ativamente da produção da notícia. Em alguns sites da internet, as informações publicadas chegam a ser exclusivamente elaboradas por pessoas que não são jornalistas de ofício, mas que têm liberdade para publicar o que for do seu interesse e colocar a notícia à disposição do debate público. Como esta parece ser uma tendência irreversível, qual seria o papel do jornalista neste contexto?
A história nos mostra que no ramo das comunicações os novos paradigmas não chegam necessariamente para substituir os antigos, mas sim para complementa-los. Dessa forma, acredito que o jornalista continuará a ser o grande mediador e apurador da imparcialidade, fidedignidade, ética e do compromisso com o interesse público na tarefa de prover informações dentro da cibercultura. Ele é e será por muito tempo o fiscal da relevância social na notícia. Afinal, a total liberdade pode ser tão nociva quando a sua total ausência.
Postado por Fábio Guerra.
Thursday, May 10, 2007
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