Thursday, June 7, 2007

Mídia é Poder

O texto “A era da intercomunicação”, de Manuel Castells, foi discutido na aula do dia 06 de junho, última do módulo de Cibercultura e Novos Formatos de Produção de Informação, ministrado por André Lemos.

Em resumo, o texto traz para debate como as novas tecnologias da informação (TI) podem mudar os padrões de informação com que a humanidade se acostumou há séculos. O autor foca a relação Mídia e Poder e o que essas tecnologias têm a ver com a crise da política tradicional e a possibilidade de uma alternativa. Este texto foi retirado de uma intervenção de Castells no Seminário “Les médias entre les citoyens et le pouvoir” (A mídia entre os cidadãos e o poder), organizado pelo Fórum Mundial da Política em San Servolo (Itália), nos dias 23 e 24 de junho de 2006.

Castells inicia o texto falando que “A informação e a comunicação sempre foram vetores dos poderes dominantes, dos poderes alternativos, das resistências e das mudanças sociais. O poder de influência sobre o pensamento das pessoas – que é exercido pela comunicação – é uma ferramenta de resultado incerto, porém fundamental”. Mais a frente, ele revela que “...se um povo modifica radicalmente seu modo de ver as coisas, se ele passa a pensar de maneira diferente e por si mesmo, não há poder que possa se opor”. E ainda: “Conseqüentemente, as relações dentro do poder dominante, elemento que constitui toda e qualquer sociedade e determina suas evoluções, são cada vez mais elaboradas na esfera da comunicação”.

Segundo Castells, Mídia é Poder. Comunicação é Poder. E quando pensamos que os novos formatos de produção e circulação da informação têm possibilitado que qualquer pessoa seja um pólo difusor de conteúdo, então, esse poder estaria hoje mais “compartilhado”. Obviamente, não é tão simples assim. Mas temos hoje uma tensão, como Lemos explicou, entre as funções massivas e pós-massivas, pois a potência de produção de informação já não se concentra nas mãos de poucas mega-empresas de comunicação, nem muito menos com os jornalistas “profissionais”.

Já citada anteriormente pela Adriana, a Revista Imprensa, de abril, trouxe uma matéria bem completa sobre o jornalismo open source (ou de fonte aberta, ou jornalismo cidadão). No fim dessa reportagem, encontramos um relato sobre um projeto de lei, proposto pelo atual presidente da França, Nicolas Sarkozy (na época ministro), que pretende proibir a atuação de “jornalistas cidadãos”. Quem filmar ou fotografar conflitos de rua ou qualquer incidente de violência, sem ser jornalistas, poderá pegar até cinco anos de prisão. Aqui percebemos uma tentativa do poder político francês de coibir o “poder” do cidadão comum, conquistado por meio das novas TI’s.

A questão é: mídia é poder, mas manipulação tem limites, como disse Castells. “Isso não quer dizer que o poder se encontre incondicionalmente nas mãos da mídia (...) Pesquisas em comunicação mostraram há muito tempo até que ponto o público é ativo e não passivo”. O público, na verdade, já não quer mais só receber. Também quer produzir.

Para finalizar, acho que essa disciplina cumpriu, com louvor, seus objetivos. Se o proposto era mostrar os novos formatos de produção de informação, saímos daqui com uma bagagem muito boa e, com certeza, “atualizados”. Yes! We, the media!



No comments: