Friday, June 8, 2007

WEB 2.0 e Exclusão Digital

A produção de conhecimento na internet ganhou um grande impulso com o conceito de WEB 2.0. Não sei se o termo WEB 2.0 chega a ser um conceito ou uma evolução tecnológica natural, mas o fato é que as homepages estáticas estão ficando pra trás, assim como a informação unilateral, de fontes fechadas. Atualmente, a marca do conhecimento no ambiente digital é a participação do usuário e as redes de relacionamento que constroem a partir desta interatividade. E quando falo em participação, não estou me referindo apenas a respostas prontas em enquetes, ou comentários nos blogs. O que ocorre na WEB 2.0 é que o usuário muitas vezes é o responsável direto pela produção de conteúdo nos sites e com isso passa a se relacionar com pessoas com interesses comuns, que podem estar geograficamente distantes, mas que formam um ciclo de ampliação mútua de conhecimento sobre um ou mais temas. E tudo isso é feito de forma personalizada e interativa. Em sites como o “flickr” (www.flickr.com.br) e o overmundo (www.overmundo.com.br) os usuários decidem consensualmente até o que vai ser ou não publicado. É a WEB 2.0 em potência máxima.

A internet é sem dúvida, uma fonte inesgotável de conhecimento e informação, sendo que os dados que temos no Brasil, quanto ao acesso são, no mínimo curiosos. Enquanto o brasileiro é o povo que passa mais tempo conectado à rede, à frente de países como EUA e Japão, temos também um dos menores percentuais de usuários em relação ao total da população, se comparado com outras nações do mundo.

Outro dia, filosofando com um amigo, ele me fez a seguinte pergunta: se apenas 5% da população freqüentam os grandes shoppings centers, onde estarão os outros 95%? Modificando um pouquinho esta pergunta, caímos em uma outra questão que, eu confesso, fiz a mim mesmo durante as aulas: o que será que passa pelas cabeças desta imensa massa que não tem acesso a todo este conteúdo que discutimos no curso?

Do ponto de vista do indivíduo, tudo passa pelo que eu chamo de administração das expectativas, ou seja, meu pai não tem vontade de conhecer a Europa simplesmente porque nunca conviveu com esta possibilidade. A minha diarista acha que a internet é algo “muito complicado para a cabeça dela” e ela “tem mais com o que se preocupar”. Resumindo: ninguém sente falta daquilo que não conhece. No entanto, não ter acesso à um computador conectado à internet é quase como ser analfabeto, pois o indivíduo acaba se privando de uma série de conhecimentos, informações e oportunidades que poderiam tornar a sua vida muito melhor. Diante disso, somente a completa ignorância sobre o assunto, faz com que se possa conviver bem sem estes conhecimentos.

Para o país, o baixo número de pessoas com acesso à internet representa um número menor de cidadãos produzindo conhecimento e informação, o que significa em última instância um certo atraso tecnológico em relação a outros países. Sabemos que os prêmios internacionais conquistados por sites como o “overmundo’’ por exemplo, talvez mostre que não há uma relação direta entre exclusão e atraso. Mas, obviamente, quanto mais pessoas produzindo conteúdo, mais seria provável o avanço brasileiro em termos de tecnologia”.

Esperamos que os programas de inclusão digital do governo federal consigam atingir os objetivos em todos os níveis, trazendo benefícios concretos para a população e para o país, integrando mais e mais pessoas a este fenômeno da cibercultura chamada WEB 2.0.

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