Friday, June 8, 2007

Sobre pedras, celulares e magia

Por Aline D’Eça

A tecnologia evolui mesmo para satisfação dos desejos do homem...

Nos dias atuais, diante de tantas inovações tecnológicas, talvez seja difícil imaginar quão importantes eram as pedras para o homem primitivo. O primeiro objeto a ser adorado pelo homem em evolução foi uma pedra. Possuí-las era um verdadeiro fetiche. Tanto que os nossos antepassados as guardavam em casa ou as carregavam no bolso, como objetos sagrados e indispensáveis. Eles não conseguiam entender como elas surgiam tão subitamente na superfície dos campos, e logo as associaram às estrelas cadentes: verdadeiras obras do extraordinário...

De objeto de adoração, as pedras passaram logo a objeto de utilidade prática. Elas deram origem a instrumentos como o machado; umas sobre as outras formavam abrigos; e chocando-as era possível produzir o fogo.

Dando um salto do período da Pedra Lascada para os dias atuais, eis que chegamos à era dos ‘Celulares Touch Screen’. Na última semana, o anúncio de que a Apple lançará no mercado norte-americano, nos próximos dias, seu iPhone – um aparelho que combina as funcionalidades de um celular com um iPod, com tela sensível ao toque, capacidade para reproduzir vídeos, músicas e fotos de alta definição – agitou os tarados por tecnologia.


A expectativa é tão grande que pode ser suficiente para levar o novo produto, que funciona como um computador de mão, a um recorde de vendas. É o que confirma estudo da consultoria Merrill Lynch, que indica que a empresa deve fabricar 4 milhões de iPhones ao longo deste ano e outros 12 milhões de aparelhos em 2008.

Aproveitando a onda, a Pantech lançou um modelo de celular com uma novidade: a interface slide-up. O aparelho, conhecido como IM-R200 possui uma tela LCD externa e uma tela OLED interna com função touch screen (tela de toque). Como uma das críticas relacionadas à tecnologia é a de que é difícil utilizar os botões uma vez que você não sente se eles foram tocados ou não, a Pantech, para dar feedback tátil instantâneo ao usuário do aparelho, buscou uma solução: o celular vibra discretamente cada vez que um botão é acionado.

Mas que diabos têm a ver as pedras com os celulares touch screen?!, vocês devem estar questionando.

Se observarmos bem, as necessidades que o homem tem de estabelecer um contato físico cada vez mais aprimorado com esses celulares, mesas ou notebooks, através dessas “telas inteligentes”, bem como o fetiche que essas inovações tecnológicas provocam, são as mesmas do homem primitivo: necessidade de interação, de estabelecer o diálogo, de buscar utilidade, de satisfazer desejos...

Digo mais, a atmosfera de magia que envolve esses lançamentos não seria semelhante à que envolvia os homens primitivos em suas primeiras descobertas?

O homem de ontem e de hoje viveram e vivem à procura de soluções técnicas e mágicas para o seu dia-a-dia. Qualquer evolução tecnológica, em qualquer época, tem algo de mágico. A magia da descoberta.

Na era da tecnologia digital, é a evolução das interfaces gráficas que otimizam a interatividade, melhorando o diálogo entre homens e máquinas digitais e visando principalmente a manipulação direta da informação.

E não seriam os nossos celulares as pedras sagradas do mundo atual? Bem, pelo menos os carregamos no bolso e nem cogitamos viver sem eles...

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