Uma fala de André Lemos que me chamou bastante atenção foi a de que o homem evolui de acordo com as técnicas que domina. Concordo plenamente e ainda acrescento que a evolução não se dá apenas na origem de uma nova espécie, a exemplo do surgimento do Homo Faber, mas dentro da mesma espécie, gerando diferenças sociais. Aqueles que dominavam o fogo eram superiores aos que não o dominavam, assim como eram superiores os que dominavam a leitura e escrita, as técnicas produtivas etc.
O surgimento das novas tecnologias, suas técnicas e utensílios, mantém o lasso social entre os que dominam e não dominam as técnicas da conexão, produção de conteúdo livre e que são capazes de reconfigurar algo. Assistimos a vídeos de aparelhos que nos pareciam sair de filmes do George Lucas dirigidos por Steven Spielberg e que, de alguma forma, chegou a nos assustar em alguns momentos. Foram aparelhos cada vez mais velozes, com capacidades inimagináveis de armazenamento, livres do cabo azul, computadores e celulares (?) com interface touch screem, e que são do mais difícil acesso a maior parte da população.
Vimos que a cibercultura nasce da contracultura, de um movimento de libertação. Conhecemos exemplos de sites que permitem cada vez mais a participação social no ciberespaço, na linha que vai na contramão do modelo massivo de um-todos para todos-todos, porém, a técnica ainda não está nas mãos da maioria. Um paradoxo.
O desafio é fazer destas tecnologias instrumentos de emancipação social. Fazer com que elas não sejam apenas mecanismos de diferenciação social ou de entretenimento. Lembrei da discussão sobre as concessões de tv que tivemos na última semana, em que se debatia a questão da programação e publicidade, responsabilidade na informação e o uso das televisões como equipamentos de transformação social, principalmente no campo da educação. Citei o exemplo do Telecurso Segundo Grau, que passa nas madrugadas da Globo. Alguém falou que "de que me interessa o telecurso se já sou alfabetizado?". Pode não fazer diferença para esta pessoa, mas faz para os mais de 33 milhões de analfabetos funcionais do Brasil.
Se as tvs não fossem reflexo do modelo capital, ou apropriação dele, teríamos condição de fazer delas instrumentos de inclusão social para estes 33 milhões, e não apenas aparelhos de entretenimento e fomentador do consumo. Não podemos deixar que a internet e seus derivados sejam apropriados pelo sistema capital de forma que sirvam de manutenção do stabelishment, apesar disto já estar acontecendo. A pergunta que deveria ser feita é: "de que me interessa toda esta tecnologia se ela não for capaz de melhorar a vida (da maioria) das pessoas, ou de incluir socialmente a população excluída?".
Nossa verdadeira evolução se dará quando conseguirmos aliar a evolução tecnológica com a inclusão social e não só com o consumo.
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