Tarde de domingo é aquela maresia. Uma vez ou outra há alguma novidade. Quando está chovendo é pior ainda. O céu cinzento bate uma tristeza, a vontade é mesmo de dormir e, ainda mais agora com o pé quebrado não me resta outra opção. O canto do canário do meu pai, no fundo da casa, é um ótimo estimulante para o meu sono. Quando acordo o que me resta? Ligar a minha televisão e “navegar” pelos canais. O click click do meu controle remoto me dá uma sensação prazerosa. Nada melhor que sair mudando de canais. É algo realmente fantástico. Salve, salve a tecnologia!
- O que assistir? Eis ai a questão!
Quando me dou conta, depois de alguns minutos pulando de um canal para o outro – diga-se de passagem, incluem os canais fechados – olha eu de olhos pregados no Domingão do Faustão. E no palco nada menos que a Banda Calypso, ou melhor, seus dois vocalistas. Eu detesto, mas resolvi continuar na programação.
A minha experiência em ver, naquela tarde, o programa do “ô louco” (é chatice ouvir Faustão falar por segundo esta expressão) serviu para alguma coisa. Aproveitei a ocasião para relembrar das aulas de André Lemos quando ele abordou a “produção de conteúdo e os novos formatos de mediação”.
Com a cabeça ainda no travesseiro comecei a pensar no que o professor havia dito. Para exemplificar como se dá o processo de mediação na produção da informação, o mesmo citou alguns sites como o Wikinews, AgoraVox, Slashdot e o techno-brega. “A mediação não se dá pelos Gatekeeper (Teoria da Comunicação), mas pelos usuários”.
Passei, então, a refletir sobre o techno-brega (pouco me importa a sua origem, mas como ele vem sendo produzido e distribuído no mercado da música). Alheios as gravadoras oficiais, os artistas desse estilo musical dispensam produtores, editores e diretores. São eles mesmos responsáveis pela produção do disco a custo bem mais barato, utilizando-se de um ritmo diferente produzido com sons de computadores. Com os cds já nas mãos o destino são os camelôs, alguns shows e programas de televisão.
Mas, isso só foi possível, é claro, com a expansão do acesso das pessoas ao chamado mundo digital e as novas estruturas técnicas. Com o “computador livre para todos” (surgimento da microinformática) qualquer cidadão, até pessoas da periferia, podem manusear a máquina eletrônica, assim como fez os integrantes da Banda Calypso.
Após recaptular alguns instantes sobre a aula de André fixo novamente o meu olhar na tela e vejo os vocalistas da banda, Joelma e Chimbinha, no quadro “Arquivo Confidencial” do Domingão do Faustão. É bom lembrar: só os famosos tem o "privilegio" de terem a vida retratada na tela da Globo.
É, eles conseguiram!
Monday, June 4, 2007
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