Tuesday, July 10, 2007

Jornalismo Literário - Virou peneira!

Liz Senna

Sem imaginar que o seu fim estava próximo, o ambientalista Antônio Conceição Reis retomou a rotina da semana e levou a filha paraplégica de 16 anos à escola, no bairro Itapuã, eternizado pelas músicas de Vinícius de Morais, sendo ofuscadas a partir deste dia. Ao retornar, foi surpreendido, em plena luz do dia, por quatro homens encapuzados que, com sede de sangue, o transformaram em uma peneira, tendo parte da sua massa encefálica e dentes espalhados pela calçada. De forma ainda mais agressiva, o corpo da vítima, que mais parecia um saco de batatas, foi jogado pelos criminosos no porta-malas de um veículo de cor prata que deixou o local sem destino e com o ponteiro do velocímetro passando dos 100 km.

Apavorados, os vizinhos que presenciaram a cena, que mais parecia um filme de terror daqueles bem trash, perderam a voz e a cor branca predominou no rosto de todos. Ninguém viu, ninguém sabe!

Devido a paixão que tinha pela natureza e a preocupação em cuidar do meio ambiente, luta que travava há mais de 20 anos, o ativista havia conseguido, há quase um ano, junto a Prefeitura de Salvador, o fim das festas OBA-OBA, no Parque do Abaeté, tradição de quase meio século. O fato deixou a maioria dos comerciantes da região revoltados e espumando de raiva, feito cachorros raivosos, pois mexer no bolso deles é risco de vida na certa. A tão jovem viúva Eliene Conceição, que ainda não acreditava no que tinha acontecido, atônita, afirmou que o marido já havia sido ameaçado de morte por diversas vezes, através de ligações anônimas, com vozes que mais lembravam o Filme Pânico e bilhetes escritos em pedaços de folhas arrancadas de um caderno meio velho, pois as páginas já apresentavam cores amareladas, deixados na porta de sua casa.

Depois do ponteiro de relógio girar 360 graus quatro vezes, a polícia encontrou, a quase 30 km de distância do local do crime, em Vilas de Abrantes, um corpo, consumido pelas chamas, que provavelmente é do ativista, que era apaixonada pela vida.

* Exercício produzido a partir das informações publicadas nos jornais A Tarde, Correio da Bahia e no BA TV.

2 comments:

Josi Anjos said...

Oi Liz, achei o seu texto ainda muito preso à objetividade. Você até tenta se livrar das amarras do jornalismo tradicional com alguns toques de subjetividade, mas ele ainda insiste em aparecer e acaba deixando o texto um pouco engessado, duro demais. Não tenha medo de arriscar.

Leandro Colling said...

Texto pouco (nada) literário.