André Martins
Não há outro assunto em pauta do que discutir sobre o meio ambiente e sua preservação. No último sábado (7/7), em vários países, o Brasil também estava incluso na lista, aconteceu um show em prol da proteção do nosso planeta. Em meio a pedidos de "proteja nosso ar, matas, águas" e "não polua", o assassinato do ambientalista Antônio Conceição Reis, 44, choca a população de Salvador. Antônio defendia a fauna da região de Itapuã e Abaeté e foi abordado por quatro homens encapuzados.
Antes das 7h da manhã do dia 9, Antônio saiu de casa juntamente com sua filha, deficiente física, para levá-la à escola. Essa foi a última vez em que o defensor do meio ambiente viria um sorriso no rosto de sua filha e a última vez em que receberia o seu abraço afetuoso. Ao retornar para casa, próximo da rua onde morava, ele foi abordado por quatro homens que desceram de um Ford EcoSport - que suspeitas indicam que também tenha sido roubado - encapuzados e armados até os dentes.
Antônio residia na rua Guarapari, no bairro de Itapuã, com sua mulher, a comerciante Eliane Sampaio Silva Reis, 46 anos. O casal morava em uma casa simples, com pintura desgastada pelo tempo. Um pequeno quintal à frente, de muro baixo e portão de ferro, delimitava a residência da rua. Humilde, simples, de bem com a vida e protetor ferrenho do meio ambiente – é de pessoas como ele que precisamos para tentar, não solucionar, mas amenizar a crise ambiental – Antônio lutava há 20 anos em prol do meio ambiente da região de Itapuã e Abaeté, além de ser presidente da ONG Nativos de Itapuã e coordenar o projeto social Meninos do Abaeté, em que os garotos do local eram instruídos a serem guias mirins no bairro.
Os quatro encapuzados começaram a atirar e a descarregar suas pistolas 380 e 40 calibre no rapaz, sem ao menos um motivo explícito. No total foram 14 tiros que acertaram principalmente a cabeça de Antônio, deixando parte da massa encefálica e dentes espalhados no chão da rua. Após o ato violento, os assassinos pegaram o corpo de Antônio e o jogaram dentro do porta-malas do carro, e fugiram em alta velocidade. Mais tarde um carro da mesma marca foi encontrado queimado em um terreno de proteção ambiental em Abrantes, junto com um corpo totalmente carbonizado.
Alguns vizinhos relacionam o crime à policiais ou comerciantes da região. O defensor que não teve como se defender, já vinha recebendo ameaças devido a liminar que o mesmo havia conseguido a respeito da proibição de festas de Carnaval e Reveillon no Abaeté, já que o local era de proteção ambiental. Por isso, os comerciantes locais estavam revoltados. Outro motivo foi uma denúncia que Antônio fez à Defensoria Pública sobre a invasão e ação truculenta, em que seu imóvel foi revirado e destruído, por alguns policias que diziam estar à procura de traficantes.
Antônio morreu violentamente, sem nenhum motivo, apenas por vingança de pessoas que se acharam ameaçadas e coagidas por um cidadão que apenas defendia um bem comum, o meio ambiente. Enquanto seus assassinos ficam impunes, o meio ambiente baiano perde um dos seus maiores expoentes e defensores.
* Exercício produzido a partir das informações publicadas nos jornais A Tarde, Correio da Bahia e no BA TV
1 comment:
Pouco literário, fica preso ao visível.
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