Friday, July 27, 2007

Jornalismo Literário - Triste Fim!

Flávio Freitas

O que leva a alguém assassinar uma pessoa que luta pelo bem geral de todos?

Pois é!, lembram do amazonense Chico Mendes? Qualquer semelhança não é coincidência.

O personagem é diferente. Antonio Conceição Reis, 44 anos, é negro, alto, assim como o seu sonho, magro como a alma dos seus agressores e olhos de quem sofreu durante uma vida inteira em busca dos seus ideias. Antonio residia no bairro de Itapuã, lugar onde conquistou admiradores pelo seu trabalho, entre eles o de tirar meninos das ruas e trasformá-los em guias mirins, através do projeto social Meninos do Abaeté. Também, conquistou inimigos, como os comerciantes que deixavam de lucrar quando Antonio lutava para impedir festas que acabavam com a natureza do Parque do Abaeté. Também estava processando policias que se achavam no direito de invadir as casas de cidadãos de bem, assim como a do ambientalista.

Como nem Jesus agradou a todos, o humilde Antonio e sua família sabiam dos inimigos e das ameaças de morte, como sua própria esposa, dona Eliene Sampaio Reis, disse, no depoimento à polícia:

-... O que sei é que a morte dele seria coveniente para muita gente.

Porém, Antonio ignorava as ameaças e tentava levar uma vida normal. Assim, numa manhã que parecia ser como outra qualquer, os pássaros cantavam e os primeiros raios do sol começavam a surgir no bairro que ficou eternizado na voz de Dorival Caymmy. Antonio retornava à sua residência, situada na rua Guararapes, número onze, uma rua pacata com casas simples, que abrigam amendoeiras nos seus passeios. Após deixar sua filha paraplégica de 16 anos na escola, foi abordado por quatro homens encapuzados que saíram de dentro de um carro EcoSport preto, com vidros pretos, que entrara na rua em alta velocidade, cantando os pneus. O mesmo carro, de placa fria IQS 9300, fora roubado no mês de maio no bairro do Garcia.

Os bandidos desceram do carro e dispararam tiros de armas que só a polícia tem o poder de usar. Pobre Antonio, o que será que passou pela cabeça desse defensor da natureza ao ver várias armas apontadas em sua direção? Por mais que tenha imaginado, nem mesmo o Hitchcock, autor e diretor de filmes de terror, conseguiria imaginar tal barbaridade que se seguiria após tomar vários tiros. Os assassinos brutais, como se não bastasse o ato covarde, ainda colocaram o corpo indefeso no porta malas do carro e seguiram até o Parque Sucupira, onde incendiaram o veículo que transportava o corpo do ambientalista.

1 comment:

Leandro Colling said...

Editei o texto e cortei algumas coisas de mau gosto, como carro ficou rubro-negro. Cuidado com a grafia dos nomes das pessoas. Dorival Caime é de doer.