Beatriz Ferreira
Alto, magro, moreno. Isso qualquer um pode ser. O rosto redondo, os olhos pequenos e puxados, muitos os têm, não dúvido. Por vezes a barba fica por fazer. Na verdade, por sempre. Tudo bem, não machuca. Não é bonito, não é feio. Com certeza entrou na fila onde estava escrito: "Atraente".
- Me dá vários desses saquinhos com esse pózinho especial moça, por favor.
Por favor, sim, porque ele é educado.
Bonzinho. E (para as mulheres) pior que o "Filho da puta!" é o "Filho da puta bonzinho". Atraente, "bonzinho", educado, então... péssimo! Sorriso do tipo "sinta-se a vontade", voz rouca, olhar atencioso. Já era!
Não dá para sentir muita raiva, porque, afinal, ele é bonzinho. Não dá para se apaixonar, porque, fala sério!, ele não vale nada.
Sofre de perda de memória recente. Esquece mesmo, não que seja conveniente (ou talvez seja). Instinto protetor; do tipo que acorda de madrugada e atente o telefone pacientemente por causa de um pesadelo. Se preocupa; do tipo que dá bronca depois que o perigo passa e faz discurso sobre o quanto você foi irresponsavel ao pegar uma estrada com um motorista bêbado.
Cheiro peculiar. Mesmo que alguém use o mesmo perfume ou tome banho com o mesmo sabonete o cheiro não será o mesmo.
Abraço forte. Braços fortes, apesar de magro, mãos firmes.
Abraço acolhedor, mãos leves.
Tem o poder de arrancar segredos. Não dá para mentir, não dá para fingir. Se ele olhar bem fundo descobre tudo.
Esperto. Tem lábia.
Possui a chave do humor, e faz tudo mudar de acordo com as suas ações.
Humano. Fica acordado de madrugada para fazer companhia para a mãe que não consegue dormir.
Criativo.
São paulino.
Quando está bravo emenda o nome com o sobrenome.
Lê pensamentos. Mesmo assim arranca a informação, só para ter certeza.
Adora ouvir o quanto é especial, mas não chega a ser narcizista.
Engraçado.
Proibido.
E chega de devaneios.
Tuesday, July 10, 2007
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