Thursday, July 12, 2007

Jornalismo Literário – Bem ali, no século antepassado...

Aline D´Eça

Nazaré é o seu nome. Escrito assim, com o acento agudo na letra E substituindo o antigo TH, de Nazareth, grafia da época em que recebeu visitantes ilustres como D. Pedro II, em novembro 1859, e, em 1919, um brilhante baiano, o jornalista-escritor-jurista Rui Barbosa. Trata-se da cidade de Nazaré “das farinhas”, localizada há apenas duas horas de Salvador: uma do tempo que se leva com o Ferry Boat para percorrer as quatro milhas marítimas até a Ilha de Itaparica, e outra que enfrentamos de BA 001 até lá. Quem tem medo de mar, também pode chegar lá partindo de Salvador via terrestre, pela BR 324 e depois BR 101, o que envolve 216 Km de estrada.

O município - serpenteado ao meio como pelo simpático Rio Jaguaripe, que nasce em São Félix, perto de Cachoeira, e desemboca na Baía de Todos os Santos ali no finzinho de Nazaré - é uma típica cidadezinha colonial do Recôncavo Baiano, com casarões antigos e muita história pra contar...

O apelido "das farinhas" veio da época da Segunda Guerra Mundial. Dizem os antigos que a cidade abastecia os navios do Exército brasileiro com a chamada "farinha de guerra" (daí o nome), que alimentava os soldados brasileiros no além-mar.

Hoje, é verdade, Nazaré tem um ar de musa-decadente, se a compararmos com o grande caldeirão cultural e comercial que foi há muitos anos atrás, quando chefes de estado, poetas, intelectuais e artistas a visitavam e quando os navios ainda atracavam ali. Não sei ao certo quando e porquê as grandes embarcações deixaram de ancorar lá nas águas do Jaguaripe, um rio hoje mais verde e cheio de pedras que marrom e caudaloso como minha avó afirmava que ele era. Dizem que foi a represa de Cachoeira, a 'Pedra do Cavalo', que fez o rio minguar... mas não posso confirmar nem desmentir essa informação.

Para ligar as duas partes da cidade, desenvolvidas em ribeiras opostas do Rio Jaguaripe, existem duas pontes principais. A primeira e mais bonita é a Ponte da Conceição, construída em meados do século 19, quel liga o bairro da Conceição ao Centro. Ela tem 20 metros de comprimento, é edificada sobre seis grandes arcos e possui, em suas laterais, balaustradas de concreto e oito pares de postes pretos de ferro, estilo clássico, de pouco mais de dois metros.

Na segunda ponte, construída no século 20, sem características glamourosas e a poucos quilômetros da primeira, uma das cabeceiras se abre, à esquerda, para o Prédio dos Arcos, construção neoclássica de um andar, que ocupa toda uma esquina e é formada por arcos em sua base inferior e mais de trinta janelas de dois metros de altura no segundo pavimento. Na outra cabeceira, a feira da cidade, repleta de boxes e barracas de madeirite, que possui um odor característico, uma mistura de cheiro de frutas e legumes a carne e cocô de cavalo.

Nazaré parece uma cidade esquecida lá no século passado. Ela não possui um edifício sequer com mais de três andares. Os mais altos são os antigos casarões construídos no centro da cidade, na margem esquerda do rio. Não há apartamentos, apenas casas.

Diz a lenda que Nazaré fica localizada numa cratera (ou buraco) fruto de um choque de um meteoro contra a Terra (!). Não sei quem inventou isso, mas parece verdade se repararmos que ela fica encrustada no meio de pequenas montanhas, onde existem pastos verdinhos verdinhos.

No alto de uma colina, na vertente esquerda da região central da cidade, fica um prédio histórico que lá de baixo lembra um castelo, branco de janelas azuis. De todos os pontos históricos da cidade, é um dos que eu mais gosto. Trata-se do Cemitério Nosso Senhor dos Aflitos, em estilo neoclássico, construído no século 19. Nada de macabro na minha escolha. Ele é realmente bonito e tem uma vista magnífica da cidade, cercada pelo Jaguaripe. Ele fica numa encosta, com uma imensa rampa (uma ladeira) de acesso, à margem da qual estão localizados mausoléus e blocos de carneiros. O castelo a que me referi é uma capela que fica na parte mais alta do cemitério, no fim da rampa, após uma escada de 12 degraus. Linda.

Nazaré têm diversos outros monumentos históricos. Passear por suas ruas de paralelepípedos, principalmente aos domingos pela tarde, quando a cidade parece dormir, é como estar dentro de uma cidadezinha romântica do século antepassado...

***

Para conhecer os outros monumentos históricos de Nazaré, acesse: http://www.victoriareghia.com.br/

5 comments:

Najara Lima said...

Boa descrição, Aline. Eu, que nunca fui a Nazaré das Farinhas, pude perceber bem como a cidade é. Você precisa conhecer uma cidadezinha de Sergipe chamada Laranjeiras. Especialmente durante um encontro cultural que acontece todos os anos por lá. Tenho certeza que você vai se apaixonar.

Vivian Barbosa said...

Sou suspeita pra falar de Aline. Sabe como é, relação de fã com seu ídolo hehehehe
Parabéns, amiga! Vou olhar Nazaré com outros olhos...

Luana Francischini said...

Gostei do texto. A descrição é bem cuidadosa e nos leva à cidade. Só achei que você poderia ter conferido um pouco mais de ritmo à narrativa, para o texto ficar mais prazeroso de ler.
Parabéns!

Leandro Colling said...

Concordo com a Luana, o texto é meio burocrático em alguns trechos, ao estilo de alguns cadernos de turismo de nossos jornais.

Leandro Colling said...

outra coisa: cuidado com o excesso de "ques".