Tuesday, July 10, 2007

Jornalismo literário - Um sequestro inesquecível

Giselma Barbosa

Na hora não fiquei nervosa, claro fiquei com medo, assustada, porém, nervosa não. Recordo que eles tiraram a camisa de Rodrigo, olhei pra trás e vi o bichinho sem camisa, suava tanto, com uma corrente de ouro no pescoço, ele tinha tanto zelo por aquela corrente. O bandido, ao meu lado, vasculhava a frente do carro, pegou o celular de Rodrigo que tava no painel, abriu o porta luvas, pegou o óculos escuros e colocou no rosto. Deve ser para a gente não o reconhecer depois. Sei lá. Isso não pensei na hora, é claro, já que na hora é impossível pensar em alguma coisa a não ser em Deus. Só achava que iria morrer. Eu só sei que vendo ele pegar o celular, relógio, vistoriar a carteira de Rodrigo, que tinha uns R$ 30,00; eles nem viram os cartões de crédito.

Graças a Deus. Tirei o relógio do meu pulso e dei para ele, e peguei meu celular para dar também. Eles não me pediram, mas me adiantei, vi que eles estavam tomando de Rodrigo. Quando dei meu celular para ele, vi que tinha ligação perdida, eu tava passando o telefone para ele e tomei de volta. Aí ele: "o que foi?" Aí eu: "alguém me ligou, vou ver quem foi". Ele, então, falou: "você não vai ver nada" e puxou o celular da minha mão. Sim, nem lembro se ele desligou o CD ou se continou tocando, impossível lembrar disso naquele momento.

Eu achando que iriamos morrer, tentei fazer algo para nos salvar. Perguntei ao bandido: "Posso te perguntar uma coisa"? Aí ele: "não" aí eu falei: "Mas, vou perguntar assim mesmo, vocês vão nos deixar a onde" ? Aí ele: "não vamos fazer nada com vocês, tô fazendo isso porque tô precisando". Enquanto isso, Rodrigo falava lá de trás: "Cala a boca Giselma". Quando o sujeito falou que não iria fazer nada com a gente, me deu um alivio. Na hora eu nem pensei em estupro, mas, depois, alguns amigos, familiares e policiais comentaram essa possibilidade. Graças a Deus que na hora isso não veio na minha mente.

Ficamos 20 minutos em poder deles. Eles nos deixaram na Praia do Flamengo, um lugar deserto, sem casa, sem crianças, sem absolutamente nada. Descemos do veículo, eles mandaram que andássemos para a frente sem olhar pra trás. Foi quando Rodrigo pegou a minha mão e falou: "ele vai atirar agora", mas não fizeram isso, eles deram a volta e levaram o carro. Depois de 15 dias, prenderam os bandidos, acharam o carro abandonado, porém, depenado. Tanto que foi dado perda total.

Como disse anteriormente, não fiquei nervosa na hora, não tiraram a minha vida, porém, tiraram a minha paz. Até hoje ando assustada nas ruas. Quando saio de carro tem que ser com janela fechada, mesmo que não tenha ar condicionado, os vidros precisam estar suspensos e a porta travada. Foi muito difícil continuar a vida normal depois daquele sequestro relâmpago. E no dia seguinte eu tinha aula, teria que ir para faculdade, por um tempo eu saia nas ruas e achava que todo mundo era bandido. Meu medo era de um dia, por acaso, me bater com os mesmos bandidos na rua, pois sabemos que eles vão presos e depois são soltos, mas a delegada falou que não tivéssemos medo, pois eles não lembrariam de mim, e sim que eu sempre vou lembrar da fisionomia deles. Ela alegou que eles assaltam muitas pessoas, então, não têm como decorar a fisionomia de todo mundo.

Porém, a delegada disse ainda que o que estava ao meu lado se chamava Jeferson e que a tranquilidade dele deve-se ao fato de ser uma pessoa fria e calculista. Enquanto o outro, Ronivaldo, era mais emotivo, que o nervoso dele é devido ao fato de ter medo daquela situação, ou seja, eu pensando que o que tava ao meu lado era menos ruim.

Até comentei com meu pai outro dia, ando tão assustada, com tanto medo, daqui uns dias não vou querer mais sair de casa, vou precisar de um psicólogo.

6 comments:

Leandro Colling said...

Acho o texto confuso no início, precisa situar o leitor com descrição do momento e dos personagens. Tem observação, mas ela deve estar mais organizada no texto. Cuidado com o coloquialismo exagerado.

André Martins e Ariele Andrade said...

Faltou descrição dos bandidos e mais da situação, apenas foi um relato de um acontecimento.

Vivian Barbosa said...

sim, caberiam mais descrições, mas esse texto tem um bom ritmo e até me causou um pouco de pânico ao ler... me fez pensar "e se fosse comigo?"

Luana Francischini said...

Concordo que o ritmo ficou bom, mas às vezes parece mais falado do que escrito. E caberia descrever mais os bandidos e a situação.

Liz Senna said...

Concordo com os demais comentários, acho que faltou mais descrição na elaboração do texto.

Camila Danon said...

Olha Gi, concordo com os demais colegas, que caberia mais descrições, detalhar mais o ambiente, porém quem ouve você narrar o fato consegue vivenciar direitinho a sua aflição.