Jornalismo literário - Mãe tatuada

Line Barnabé

Para uns ela é Jane, para outros é Janu. Essa mulher morena, de cabelos acaju e de uma elegância e alegria incontestáveis é minha mãe. Com 55 anos, essa morena, como dizem, "causa", onde chega. Sua marca é o sorriso e como gosta de sorrir. Onde chega logo faz amizade, conversa com todos, do adulto à criança. Seu olhar magnético compõe seu estilo cigano. Ninguém pode dizer que ela não é moderna. Prova disso é o piercing no lado esquerdo do nariz e as três tatuagens que fez. No pescoço encontra-se a frase "...então beija" e um simbolo japonês, que nem por decreto ela revela o que é. Esse é um de seus mistérios! A outra tatuagem, a estrela de Davi, está no ombro esquerdo, nas cores amarela e vermelha.

De segunda a sexta ela é secretária, veste seus terninhos bem cuidados e usa seus adereços para compor o visual. Mas aos sábados e domingos ela prefere os saiões bem rodados e as camisas de ombro (para mostrar a nova tatoo). Adora conversar e ouvir música, detalhe importante, a música tem que ser alta. Ultimamente ouve música latina e dança pela casa, divertindo quem está presente.

Pelo bom papo e pelos conselhos que dá, deveria ser psicóloga, idéia que anda rondando sua cabeça. No orkut, ou no bate-papo no MSN, está cheio de amigos virtuais que passam hoorass falando da vida. E ela ali, rindo quando o papo é engraçado e séria quando está atuando como "psicóloga". Janu tem três filhas e um neto e está vivendo a vida de forma gostosa. Essa geminiana com todas as qualidades e defeitos possui um bom-humor invejável, quando arruma a casa não pode faltar um incenso para deixar o ambiente perfumado. Piadas, tiradas e boas histórias compõem seu repertório. Dentre as coisas que ela sabe fazer muito bem está a arte de cozinhar. Não é daquelas cozinheiras de forno e fogão, mas tudo que faz é gostoso. Não é de sonhar muito, ela prefere viver o hoje, mas quer um dia conhecer a Espanha.