Wednesday, July 25, 2007

Jornalismo Literário - Crime

Aline Barnabé

A manhã do dia 9 de julho começou como sempre para Antônio Conceição Reis. Acordou cedo, tomou o café da manhã e partiu para levar sua filha paraplégica, de 16 anos, à escola. Quando estava retornando para casa, no bairro de Itapuã, por volta das 7 horas, sua vida teve uma virada completa. Pensou em sua esposa, nas duas filhas e em toda a sua vida como ativista ambiental. Nesse momento, quatro homens encapuzados pararam o ambientalista em frente a uma garagem de uma casa vizinha à sua, e ele foi rendido. Os quatro homens assassinaram friamente Antônio Reis.

Após os tiros, ouvidos pela vizinhança, os encapuzados colocaram o corpo no porta- malas de um Ecoesport prata roubado horas antes do crime. No local restaram apenas as marcas de um assassinato brutal (massa encefálica e dentes da vítima) e 14 cápsulas de pistolas ponto 380 e 40, de uso exclusivo da polícia. Os quatro saíram em disparada em direção ao local onde o carro e o corpo seriam queimados.

- Qual o local de conclusão da parada? - Questiona um dos quatro que está ao volante.

- Vamo seguir o combinado. Localidade de Cordoaria, pro lado de Camaçari, próximo ao Recanto Ecológico Sucupira. Ele vai ficar em lugar que tem a ver com sua luta ecológica - respondeu fazendo gozação do ambientalista.

Horas depois o carro foi encontrado e encaminhado para o Nina Rodrigues (IML). A esposa do ambientalista, Eliane Sampaio Silva Reis, muito abalada, prestou alguns esclarecimentos à Delegada Francineide Moura, titular da 12ª Delegacia, em Itapuã. A delegada acredita na possível participação de policiais na morte do ambientalista.

- D. Eliane, a senhora tem alguma idéia de quem pode ter feito ou planejado a morte do seu marido?

- Olha Doutora, faz um ano que Antônio vem recebendo ameaças de morte tanto por telefone quanto por bilhetes deixados na parta de nossa casa.

- E qual seria o motivo dessas ameaças?

- Além de ambientalista, Antonio era também presidente da ONG Nativos de Itapuã. Ele conseguiu junto à prefeitura que as festas de Carnaval e Reveillon no Parque do Abaeté não fossem mais realizadas. A área do Parque do Abaeté é uma área de proteção ambiental. Mas, os comerciantes da região ficaram insatisfeitos, pois as festas já era uma tradição de quase 50 anos.

- Existe outro motivo para que seu marido tenha sido assassinado?

- Bem, em janeiro deste ano, policiais civis invadiram nossa casa e reviraram tudo atrás de traficantes. Eles reviraram móveis e destruíram alguns objetos na nossa além de mim e do meu marido, nossas duas filhas estavam presentes no local. Foi um horror.

- Vocês tomaram alguma providência?

- Então, ficamos muito revoltados com a ação da polícia civil e Antônio foi prestar queixa contra os policiais. Mas, devido as constantes ameaças que vinha recebendo, ele pensou até em retirar a queixa.

O corpo de Antônio Conceição Reis, de 44 anos, foi reconhecido no IM. O mais intrigante e ao mesmo tempo triste é a possível participação de policiais civis. No dia em que foi assassinado o ambientalista faria o reconhecimento dos policiais que invadiram sua residência em busca de traficantes.

2 comments:

Leandro Colling said...

De onde tirou estes diálogos?? Ficção? Além disso, alguns trechos não são coloquiais, o que soa ainda mais estranho.

Marvin Kennedy said...

Essa também leu Gabo!