Wednesday, July 11, 2007

Jornalismo literário - As dietas milagrosas...

Camila Danon

Já perdi a conta de quantas dietas e tamanhas loucuras eu já fiz para atingir o peso ideal na balança. E o pior é que eu sempre acabo envolvendo um cúmplice para compartilhar destas loucuras, talvez por achar que duas pessoas é um incentivo a mais para concluir os tais regimes, ou apenas ter alguém para controlar as minhas recaídas e as minhas oscilações de humor. Desta vez, a vítima foi minha mãe. Consegui convencê-la da importância de ter uma reeducação alimentar, apelei para os recentes exames que ela tinha feito, a sua alta taxa de colesterol, e ela acabou cedendo.

Num belo dia, assistindo a um destes programas vespertinos de fofocas e futilidades femininas, vi os depoimentos de algumas celebridades sobre as técnicas que utilizavam para manter seus corpos sarados e esbeltos... dentre as inúmeras opções apresentadas para afinar a silhueta, escolhi a dieta da sopa e comuniquei a minha mãe.

- Poxa mãe, descobri uma dieta revolucionária da sopa, várias artistas já fizeram e perderam 5kg em uma semana, mas tem que seguir direitinho, só pode tomar sopa durante sete dias!

- Podemos começar na famosa segunda, sugeriu minha mãe.

Então, passado o fim de semana, os exageros e as compulsões alimentares, na segunda-feira, como havíamos definido, começamos a bendita dieta da sopa. Naquele dia resolvi acordar mais tarde para não ter que me deparar com aquela triste realidade, só sopa, quem agüenta? Pois é, mas o sacrifício maior foi para minha mãe, que não estava acostumada a mudar suas rotinas alimentares. Ela não conseguiu manter a dieta nem por um dia. No final da tarde, a fome atacou seu psicológico e ela acabou devorando vários alimentos e me desestimulando mais uma vez... Mesmo assim, eu consegui prosseguir a dieta da sopa por mais três dias insuportáveis, mas não foi o suficiente, acabei desistindo antes de completar a semana e, como sempre, não atingi a meta dos 5kg.

Decidi mudar de parceiro, pois com minha mãe os regimes nunca chegariam a um resultado eficaz. Que tal uma amiga, que também esteja acima do peso e que tivesse força de vontade o suficiente para compartilhar meus anseios e se submeter as minhas dietas esdrúxulas? Neste momento, lembrei de Dany, uma amiga da faculdade, que idolatrava os doces, as guloseimas e tudo mais que pudesse engordar só de olhar e, claro, era tão louca quanto eu. Nesta época, eu e Dany precisávamos perder em média 5kg cada uma. Como eu sou mais baixinha, o peso sobressaia bem mais, porém, em Dany, as gordurinhas não eram visíveis, era apenas “síndrome da mulher gorda”, ou seja, nunca está satisfeita com o corpo e sempre acha que precisa emagrecer.

Nós ainda estávamos cursando a graduação de jornalismo, então seria mais fácil combinar os detalhes do regime, já que nos víamos todos os dias, uma iria disciplinar a outra e dividir as crises de mau humor que, inevitavelmente, surgiriam e que, infelizmente, descontávamos em terceiros...

Primeiro dia de mais um regime, sem nome, este, eu e Dany que criamos e, sinceramente, acreditávamos que pudesse dar certo. Nós inventamos uma nova técnica para perder calorias, não perder o apetite e o prazer de saborear os alimentos. Podíamos comer de tudo, ou quase tudo, porém, em pequenas quantidades, ou, como queríamos um resultado em curto prazo, decidimos não comer quase nada.

No café-da-manhã comíamos dois biscoitos cream craker, com uma xícara de café, pois café não engorda; o almoço era a base de verduras e um grelhado, só carne branca e à noite algum líquido, suco, leite, mas sem açúcar, acompanhado de mais dois biscoitos. Após as 18h só poderia beber água. Confesso que foi uma dieta meio drástica, mas no auge da loucura, e o prazer de se sentir mais leve, compensava. No entanto, esta leveza era resultado da fraqueza e da falta de nutrientes que o corpo precisava. Começamos a sentir muito sono, tonturas, mas achávamos que era normal, já que tínhamos diminuído consideravelmente a ingestão de alimentos.

No segundo dia, a balança já registrava 1kg a menos! Ufa... o sacrifício estava valendo a pena. Neste dia fomos ao shopping, depois das aulas na faculdade, para comprar alguns alimentos que faltavam para o regime, como umas barrinhas de cereais, adoçante, enfim, tudo light! Mas a sensação de fraqueza e mal estar já estava visível em nossas fisionomias. Eu não sentia vontade de fazer mais nada, não tinha força. Comecei a ficar preocupada, mas não comentei nada com Dany, pois não queria assustá-la e nem desanimá-la. Porém, ela também estava com os mesmos sintomas e apreensões e também resolveu não comentar nada comigo.

Após comprar todos os ingredientes, pesar mais uma vez na balança para comprovar a diminuição do peso, decidimos retornar para casa, pois estava tão fraca, que nem o prazer de olhar as vitrines superava aquele mal estar.

Paf... puf... pápápápápápápápápápápápápápáp... alguém gritou:

- Acode! A menina caiu das escadas!

Quando eu olhei para o lado, confirmei minhas suspeitas, Dany tinha caído e rolado escada abaixo! Foi tão rápido e um círculo de pessoas formaram-se a sua volta, tentando ajudar a levantá-la. Eu não sabia o que fazer. Só queria verificar se ela estava bem, respirando, lúcida e, graças a Deus estava, tirando alguns arranhões e uma enorme dor de cabeça. Nossa, que susto! Aquele dia, precisei ligar para o pai dela para ir buscá-la e ele, claro, ficou muito nervoso e preocupado. Resolvi esperar o pai de Dany chegar e só assim ir embora. No caminho de volta para minha casa fiquei pensando e refletindo o que as nossas ações imprudentes resultaram e que por pouco minha amiga não teve um acidente mais grave e com conseqüências irreversíveis.

Nossos pais proibiram o tal regime, até eu fiquei receosa de levar adiante, percebi o que as pessoas são capazes de fazer para esculpir seu corpo, baseado em padrões de belezas impostos pela mídia, que cultuam aquelas modelos magricelas, as atrizes famosas que aparecem em novelas, filmes e revistas de fofocas, enfim, desencanei... aquele regime foi o maior absurdo que já fiz na minha vida. Acho que depois desta, eu e Dany aprendemos a lição. Não somos nutricionistas ou profissionais capacitados de saúde para estabelecer uma dieta alimentar. Então, decidimos seguir uma dieta fundamentada, com argumentos embasados e balanceada por verdadeiros profissionais.

O cardápio já estava todo preparado, claro que resolvemos incrementar, por nossa conta e risco, mas, desta vez, pesquisamos algumas revistas, sites, e decidimos recomeçar sem exageros. Liguei para ela comunicando.

- Amiga, vamos fazer agora a dieta dos pontos! Contamos todas as calorias dos alimentos e não ultrapassamos a 1.2000 calorias. Desta forma, nossos pais não vão poder interferir já que vamos comer tudo, balanceado, ao invés de fazer somente três refeições diárias.

Quem achou que eu iria desistir totalmente dos meus objetivos, se enganou. As dietas milagrosas às vezes trazem alguns resultados, outras não, mas a palavra dieta já está intrínseca no vocabulário feminino. E no meu contexto, sempre tem espaço para mais uma... Alguém conhece algum regime inovador? Rsrsrrsrsrsrsrrsrrs

3 comments:

Leandro Colling said...

Acompanho a sina pelo texto, mas não tem uma descrição!!

Najara Lima said...

É, também senti falta de descrição, queria poder imaginar como é a Dany, como eram os lugares onde vocês andaram, como eram as comidas que ingeriam.
E cuidado com essas dietas milagrosas, hein?

Giselma Barbosa said...

Vixiii Mila, sei das suas dietas loucas e você sabe que não concordo, recentemente você veio com a novidade da dieta dos pontos..MUITA LOUCURAAAA!!!!
Nem fiquei sabendo que Dany passou mal, também ela inventa de ir atrás de você..risos
Em relação ao texto..Gostei do ritmo, a narração ficou boa, faltou realmente um pouco de descrição..
Como te falei pessoalmente..procure um nutricionista..vigilante do peso..sei lá..
Bjaooo
Gi