Friday, July 13, 2007

Jornalismo Literário - Crime ambiental

Fábio Guerra

O dia 9 de julho de 2007 era para ser como outro qualquer, em Itapuã, em Salvador. Raios de sol ainda tímidos começavam a iluminar as casas do bairro, depois de um despertar matinal um tanto chuvoso como é comum no inverno. Mas em pouco tempo o astro-rei brilharia forte entre as nuvens anunciando mais um dia ensolarado na capital baiana.

Por volta das 7h30 daquela manhã, o ambientalista Antonio Conceição Reis, 44 anos, retornava à sua casa após deixar a filha de 16 anos na escola. Nas ruas, os moradores aos poucos começavam a ocupar as calçadas em direção aos seus locais de trabalho, saindo de suas casas tão encostadas umas nas outras que, só não pareciam um único imóvel, graças às diferentes cores nas fachadas, portões e muros.

Antonio era um típico homem do povo. Negro, alto, com um olhar que oscilava entre a vontade de lutar pelos seus ideais e o desgaste de tantas batalhas. Era presidente do grupo Nativos de Itapuã e sua casa tinha uma fachada branca, já encardida pela sujeira, com porta e janela na frente pintadas com tonalidade goiaba.

Antes de chegar ao portão de casa, Antonio foi abordado por quatro homens que desceram de um carro estacionado na rua e fizeram uma série de disparos contra o ambientalista. Seu corpo, caído e agonizante, foi arrastado pela rua e colocado no porta-malas do veículo, um Ford EcoSport prata, que saiu em alta velocidade, deixando para trás um cenário de sangue, violência e rostos apavorados.

Até este dia, Antonio realizava um trabalho de proteção ambiental na Lagoa do Abaeté, e seu esforço para a preservação do local chocava com os interesses dos comerciantes da região. Mas a lista de desafetos do ambientalista era extensa. Recentemente, ele moveu uma ação judicial contra policiais civis que invadiram sua casa e de outros moradores do bairro, de modo agressivo e violento, supostamente numa caça a traficantes de drogas.

Em função disso, a morte de Antonio não foi exatamente uma surpresa para a família. No seu depoimento à polícia, Eliane Sampaio Silva Reis, esposa do ambientalista, informou ao delegado que há mais de um ano eles vinham recebendo ameaças de morte. Na delegacia, suas feições tristes e abatidas contrastavam com uma certa resignação diante de tão anunciada tragédia.

Naquele mesmo dia, no bairro de Vila de Abrantes, em Camaçari, moradores encontraram um carro totalmente carbonizado contendo um corpo no porta-malas. Embora ainda não haja uma confirmação oficial, acredita-se que este corpo seja do ambientalista assassinado.

As investigações prosseguem...

3 comments:

Aline D'Eça said...

Bom texto, Fábio. Claro e com uma seqüência fluida no relato de como ocorreu o crime. Só senti falta dos detalhes jornalísticos que vimos nas matérias: a arma utilizada, a placa do carro etc.

Marvin Kennedy said...

Além destes detalhes falta a subjetividade literária, um fluxo de consciência e descrições mais minuciosas...

Leandro Colling said...

Texto com pouca audácia para usar as técnicas do JL. Talvez isso ocorra em muitos textos pelas condições de produção.