Tuesday, August 7, 2007

Fluxo de inconsciência: Criança Morta!


E é assim que começa: falando de final. Escrevendo de crianças, de seres humanos que acabarão de nascer. De pequenas ou pequeninas pessoas que “têm tudo” pela frente, mas ficarão para trás e logo... logo, logo vão morar com Deus.
Mas não fale de descriminação. Não me fale de geografia, nem de Apartheid Social. Fale. Me fale de crianças. Pretas. Brancas. Indígenas. Que logo, logo morrerão no final.
Por que estavam num carro dirigido por um bêbado irresponsável. Por que foi arrastada por alguns quilômetros presa ao cinto de segurança, ou, apenas, por que uma bala perdida achou sua cabeça. O que importa é que vão morrer. E tenho pressa em escrever, pois sei que morrerão logo. Num avião que caiu. Numa torre que desabou ou porque estava seca. Seca de fome, na África... Seca de sede no nordeste lascado... Seca de saudade do seu pai que morreu. Por que era bandido, por que era sem-terra, sem-teto, sem-sonho, ou porque defendia país numa dessas lucrativas guerras espalhadas pelo mundo.
E o que fazer afinal, se elas morrerão no final?
São apenas crianças! Têm tudo... o mundo pela frente, e então, finalmente... ninguém se importa com isso.